02/11/11

DÚVIDA...


Estou a pensar no que quero, se o que tenho é o que quero e se consigo viver com o que tenho, mas não quero.

15/09/11

RECOMEÇAR...



Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
... E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

Miguel Torga

06/09/11

EM FRENTE...

"Às vezes, a nossa vida é colocada de cabeça para baixo,
para que possamos aprender a viver de cabeça para cima."

26/07/11

SER AVÓ

Ser avó é amar,
amar, amar
duas vezes e saber,
saber que o amor
não tem lugar:
no coração ou na mão
ele está ali para ficar.

julho de 1991

24/05/11

UM POUCO MAIS DE NÓS

Podes dar uma centelha de lua,
um colar de pétalas breves
ou um farrapo de nuvem;
podes dar mais uma asa
a quem tem sede de voar
ou apenas o tesouro sem preço
do teu tempo em qualquer lugar;
podes dar o que és e o que sentes
sem que te perguntem
nome, sexo ou endereço;
podes dar em suma, com emoção,
tudo aquilo que, em silêncio,
te segreda o coração;
podes dar a rima sem rima
de uma música só tua
a quem sofre a miséria dos dias
na noite sem tecto de uma rua;
podes juntar o diamante da dádiva
ao húmus de uma crença forte e antiga,
sob a forma de poema ou de cantiga;
podes ser o livro, o sonho, o ponteiro
do relógio da vida sem atraso,
e sendo tudo isso serás ainda mais,
anónimo, pleno e livre,
nau sempre aparelhada para deixar o cais,
porque o que conta, vendo bem,
é dar sempre um pouco mais,
sem factura, sem fama, sem horário,
que a máxima recompensa de quem dá
é o júbilo de um gesto voluntário.

E, afinal, tudo isso quanto vale ?
Vale o nada que é tudo
sempre que damos de nós
o que, sendo acto amor, ganha voz
e se torna eterno por ser único e total.

José Jorge Letria

15/04/11

JANELA ENTREABERTA...










(…)

Às vezes abro a janela e encontro o
jasmineiro em flor. Outras vezes
encontro nuvens espessas. Avisto
crianças que vão para a escola. Pardais
que pulam pelo muro. Gatos que abrem
e fecham os olhos, sonhando com
pardais. Borboletas brancas, duas a
duas, como refeletidas no espelho do ar.

(…)

Mas, quando falo dessas pequenas
felicidades certas, que estão diante de
cada janela, uns dizem que essas coisas
não existem, outros que só existem
diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a
olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles

13/03/11

IMAGINE













Imagine there's no Heaven
It's easy if you try
No hell below us
Above us only sky
Imagine all the people
Living for today

Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for
And no religion too
Imagine all the people
Living life in peace

You may say that I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will be as one

Imagine no possessions
I wonder if you can
No need for greed or hunger
A brotherhood of man
Imagine all the people
Sharing all the world

You may say that I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope someday you'll join us
And the world will live as one

John Lennon

28/01/11

ARTE DINÂMICA

«Eu, Elvis, sinto-me orgulhoso de o conhecer. Jamais me irei esquecer do senhor e a sua obra vai ficar gravada para sempre, na minha memória! Realmente, se o Vasa não tivesse todos esses ornamentos não seria tão belo! Seria um grande e poderoso navio. Assim, além de ser um grande e poderoso navio, é também muito belo e essa condição torna-o único.»
«Queres tu dizer, rapaz, que um simples objeto se pode tornar belo se tiver qualquer coisa, qualquer sinal, nem que seja uma pinta pintada de uma cor alegre...»
«Sim, é isso mesmo», refletiu Elvis. «Os nossos sentimento e os nossos pensamentos têm de voar, voar... têm de ser livres e têm de encontrar o sítio certo para se dar, para se mostrar, para se oferecer. O senhor, por exemplo, revela-se aqui neste navio!...»

Carvalho, Cristina. O gato de Uppsala (obra recomendada pelo PNL)

07/01/11

DÁ QUE PENSAR...

Morre lentamente

Morre lentamente,
quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente,
quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente,
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente,
quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente,
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco e
os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente,
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente,
quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece,
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.


Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.

Pablo Neruda