![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSRedf3P9AQijFgXWYVFXaD-Au3XrUpjet_Y2c4kJqJlxW0TO7P5GvcPlQd8NakvoRmOmkovf3GPeD1rLqy157PzPjQF_82WZLPxlQ5m1yFWpSrMnGvs6A-KnR_t2fFuFCiuH_eWGIClo/s200/desenho-sol.thumbnail.jpg)
O «povo» surdo é alegre. Talvez por ter sofrido muito na infância. Tem prazer em comunicar e a alegria impõe-se. Num pátio de recreio ou num restaurante, um grupo de surdos à conversa é qualquer coisa de incrivelmente vivo. Falamos, falamos, conversamos por vezes durante horas. É como uma sede insaciável de dizer coisas, das mais superficiais às mais sérias.
Os surdos poderiam ter-me apelidado de «Flor que Chora», se eu não tivesse tido acesso à sua comunidade linguística. A partir dos sete anos tornei-me tagarela e luminosa. A língua gestual era a minha luz, o meu sol, não parava de falar, aquilo saía, escorria como que através de uma grande abertura para a luz. Não conseguia já de parar de falar às pessoas. E assim tornei-me «O Sol Que Sai do Coração».
É um gesto lindo.
Laborit, Emmanuelle, O Grito da Gaivota