09/02/10

SILÊNCIO

«Vivi no silêncio porque não comunicava. Será isso o verdadeiro silêncio? A escuridão completa da incomunicabilidade? Para mim, toda a gente representava um negro silêncio, a não ser os meus pais, sobretudo a minha mãe.

O silêncio tem pois um significado que a meu ver não é senão a ausência da comunicação. Embora eu nunca tenha vivido num completo silêncio. Tenho os meus próprios ruídos, inexplicáveis para quem ouve. Tenho a minha imaginação e ela tem os seus ruídos em imagens. Imagino sons a cores. O silêncio que eu vivo é a cores, nunca é a preto e branco.

Os ruídos daqueles que ouvem são também imagens, para mim, feitos de sensações. A onda que rola na praia, calma e suave, dá uma sensação de serenidade, de tranquilidade. A que se ergue e galopa encapelada representa a ira. O vento são os meus cabelos soltos no ar, a frescura, uma doce sensação na minha pele».

Laborit, Emanuelle. (2007). O grito da gaivota. Lisboa: Caminho (edição com o patrocínio da AFAS – Associação de Famílias e Amigos dos Surdos)

1 comentário:

  1. Parabéns amiga pela iniciativa e obrigada pela dica... tenho este livro e ainda não o comecei a ler... vou seguir as reflexões emanadas pelo teu luar!

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