28/01/11

ARTE DINÂMICA

«Eu, Elvis, sinto-me orgulhoso de o conhecer. Jamais me irei esquecer do senhor e a sua obra vai ficar gravada para sempre, na minha memória! Realmente, se o Vasa não tivesse todos esses ornamentos não seria tão belo! Seria um grande e poderoso navio. Assim, além de ser um grande e poderoso navio, é também muito belo e essa condição torna-o único.»
«Queres tu dizer, rapaz, que um simples objeto se pode tornar belo se tiver qualquer coisa, qualquer sinal, nem que seja uma pinta pintada de uma cor alegre...»
«Sim, é isso mesmo», refletiu Elvis. «Os nossos sentimento e os nossos pensamentos têm de voar, voar... têm de ser livres e têm de encontrar o sítio certo para se dar, para se mostrar, para se oferecer. O senhor, por exemplo, revela-se aqui neste navio!...»

Carvalho, Cristina. O gato de Uppsala (obra recomendada pelo PNL)

07/01/11

DÁ QUE PENSAR...

Morre lentamente

Morre lentamente,
quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente,
quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente,
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente,
quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente,
quem evita uma paixão,
quem prefere o negro sobre o branco e
os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente,
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente,
quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece,
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.


Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.

Pablo Neruda